Hoje participei como painelista de um evento sobre a Jornada do colaborador, em outras palavras, a boa e velha comunicação interna. Na preparação, me perguntei: quais as palavras que vêm à mente quando pensamos em uma jornada, seja qual for? Em se tratando da experiência do colaborador, eu diria: intencionalidade, constância e confiança, termos que devem nortear toda a nossa ação no papel de comunicadores e facilitadores dessa jornada.
Nada pode ser feito sem intencionalidade, de forma gratuita, pra tapar buraco, afinal, não levamos nada supérfluo numa jornada. Vivemos na era da hiperconexão, onde a atenção é o ativo mais disputado, portanto, não dá pra perder nenhuma oportunidade. Até porque a concorrência é desleal, afinal, o tempo que o empregado tem para avançar na jornada do colaborador é o mesmo que ele tem pra estar em suas redes sociais, ouvir um podcast, ler um livro, ver uma série, se capacitar. Nesse cenário, intencionalidade é regra de ouro.
Precisamos conhecer nossa audiência, estar conectados com o que interessa a esse grupo de pessoas, medir o alcance das ações. Em looping. A comunicação interna precisa ter propósito, estar conectada com temas da atualidade, fazer sentido, ter utilidade. Se não for útil, estiver desconectada dos valores e do mundo, dificilmente terá espaço na agenda disputada da atenção das pessoas. Um exemplo é a situação do Rio Grande do Sul, que todos temos acompanhado com muita preocupação. Não dá pra passar à margem do fato que mobiliza o Brasil e o mundo, mesmo se a organização não tiver operação alguma na região afetada. Pelo contrário!
Para ganhar relevância e ter mais chances de ser considerada pelo colaborador, é fundamental atrelar as comunicações às pautas do momento, conectando a experiência corporativa à vivência das pessoas. Ao falar de descarbonização, por exemplo, é ainda mais imperativo linkar o tema com a emergência climática e suas consequências. É se deixar afetar pela atualidade e acompanhar o que está na pauta. Sabe aquela história de que é tudo friamente calculado? Tirando o friamente, é por aí! A comunicação interna não acontece por acaso; tem muita estratégia por trás de cada ação.
Além de intencional, ela precisa ser constante e coerente. Se não for para dar continuidade, é melhor nem começar. Não adianta subir 10 degraus correndo na jornada e ficar estacionado ou retroceder. Se ESG está na agenda estratégica, por exemplo, não dá para falar sobre isso só no dia do meio ambiente ou no lançamento do Relatório de Sustentabilidade da companhia. Precisa de constância, de atravessar toda a experiência do colaborador. E atenção pro walk the talk!
E confiança. Aí entra o líder, o principal comunicador das organizações, o grande protagonista da comunicação de confiança. Essa é a base na jornada. Por isso, insisto que mais do que investir nos canais, nas mensagens, é preciso focar em estratégia de comunicação, governança e na formação de líderes comunicadores.
No fim do dia, queremos que a experiência do colaborador seja tão positiva que ele passe a ser um multiplicador e um guardião da reputação da empresa. Isso só se consegue com intencionalidade, constância e confiança. Subindo um degrau por dia, todo dia, sabendo exatamente onde queremos chegar.
Lilian Ribas
Sócia