Trash talk no MMA: a revolução da luta

O MMA (Mixed Martial Arts), também conhecido como Artes Marciais Mistas, é uma modalidade de luta que combina técnicas de diversas artes marciais. 

Considerado um dos esportes de combate mais populares do mundo, o MMA surgiu no início do século XX, mas os primeiros registros são da Grécia Antiga, onde competições entre diferentes estilos de luta eram frequentes. No entanto, foi apenas na década de 1990 que o conceito de “lutas sem regras” começou a ser formalizado. 

No Brasil, por exemplo, o jiu-jitsu, uma arte marcial de origem japonesa, foi desenvolvida pela família Gracie. Eles perceberam que, no combate sem regras, o jiu-jitsu era eficiente e começaram a desafiar outras artes marciais. Essas competições foram chamadas de “Vale-Tudo” e se tornaram bastante populares no país.  

Nos Estados Unidos, em 1993, surgiu o evento que colocaria o MMA em destaque mundial: o Ultimate Fighting Championship ou UFC. Criado por Rorion Gracie e sua família, o UFC inicialmente tinha como objetivo mostrar a eficácia do jiu-jitsu brasileiro, mas se tornou um fenômeno global. Inicialmente, o evento era considerado extremamente violento e sem regras, o que gerou muita polêmica. Porém, com o passar dos anos, o esporte evoluiu e adotou uma série de regulamentos visando à segurança dos atletas. Foram introduzidas restrições como a proibição de golpes ilegais, a obrigatoriedade do uso de luvas acolchoadas e a adoção de rounds com tempo limitado em cinco minutos cada.  

 

A visibilidade mundial do MMA 

Com o passar dos anos, o MMA ganhou visibilidade mundial e o UFC se tornou o principal evento do esporte, revelando nomes como Anderson Silva, Conor McGregor e Ronda Rousey. O público começou a se interessar não apenas pela luta em si, mas também pela rivalidade e pela narrativa que envolve cada disputa. Nesse contexto, o “trash talk” ganhou força como uma ferramenta de promoção e entretenimento. 

O “trash talk”, ou “conversa suja” em português, é uma forma de provocação verbal utilizada pelos lutadores antes do confronto. Essa estratégia visa a criar um clima de rivalidade e animosidade entre os atletas, gerando uma expectativa maior para o evento. Ao insultar o oponente, os lutadores estão constantemente alimentando a rivalidade e aumentando a tensão pré-luta, além de aumentar o interesse do público e impulsionar a venda de ingressos e pay-per-views. Embora possa parecer controverso, a provocação entre os atletas se tornou uma ferramenta eficaz e comum no esporte. 

No entanto, é importante ressaltar que o “trash talk” deve ser encarado como promoção e entretenimento, e não como uma forma de desrespeitar ou prejudicar o outro lutador. Embora o uso de palavras duras e insultos ser comum no meio, os competidores têm em mente que estão representando o esporte, evitando ultrapassar limites. 

  

O sucesso dos “falastrões” 

O motivo que faz a prática ser um sucesso é simples: ao contrário de outros esportes e eventos, a maioria dos atletas do UFC não recebem um salário fixo, mas por luta, o que fez com que os lutadores evoluíssem como vendedores também. Quanto mais uma rivalidade é criada, mais dinheiro e atenção dos fãs a o evento gera e, consequentemente, o cachê também.  

Apesar de serem criticados por esse comportamento considerado antiético, muitos lutadores falastrões têm alcançado grandes feitos no esporte.  Lutadores como Conor McGregor e Chael Sonnen desenvolveram persona de “vilões”, atraindo uma grande base de fãs que amam vê-los perder, mas também que desejam vê-los continuar desafiando seus limites. Além disso, o “trash talk” pode funcionar como uma ferramenta de motivação para os próprios lutadores. Ao se colocar como figura polêmica, esses atletas podem impulsionar seu próprio desempenho, buscando provar que as suas palavras não são apenas vazias. Isso contribui para o espetáculo e a emoção que cercam as lutas. 

É claro que além de provocar, o lutador precisa corresponder dentro do octógono, mas apesar de Conor Mc Gregor ter um cartel de 22 vitórias, o irlandês não chegou a ser tão dominante dentro do esporte como seus colegas Anderson Silva, George St Pierre ou Jon Jones. O diferencial de Mc Gregor está na comunicação, já que mesmo sem lutar há dois anos, Conor ainda é a principal estrela do UFC e recentemente teve um documentário lançado na Netflix, aumentando ainda mais sua fortuna, avaliada atualmente em 615 milhões de dólares. 

 

Lutas Midiáticas 

Recentemente, um fenômeno tem ganhado destaque no nicho: as lutas midiáticas. Essa modalidade envolve muito mais do que o talento e a habilidade dos lutadores, mas também uma estratégia de promoção baseada em palavras afiadas e provocativas.  

Nesse contexto, um nome tem se destacado como um verdadeiro mestre das lutas midiáticas: Whindersson Nunes. Conhecido principalmente por seu trabalho como comediante, ele tem utilizado suas habilidades de comunicação para promover lutas e atrair o interesse de um público ainda mais amplo. A abordagem de Whindersson é bem-humorada, sarcástica e tem cativado não só os fãs do mundo das lutas, mas também o público que o conhece pelo entretenimento.  

Recentemente, Whindersson promoveu uma luta com o ex-campeão mundial de boxe Popó, que rendeu 12 milhões de reais para o vencedor. No entanto, é importante ressaltar que a luta midiática não é apenas uma estratégia de entretenimento, mas também uma fonte de renda para os lutadores e feita para atrair patrocinadores e investidores. No caso de Whindersson, os combates são transmitidos na televisão e tem as arrecadações destinadas a instituições de caridade. 

 

Texto por Rafael Henriques 

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